segunda-feira, 13 de maio de 2013

Espaço público- Largo da Baixa do Bonfim

Neste trabalho pretende-se apresentar o uso do espaço público no Largo da Baixa do Bonfim, e seus interesses e conflitos existentes, e usos principais nesse espaço urbano. Sua importância na vida dos moradores do seu entorno, e transformações dos seus aspectos físicos.

Para a confecção e execução do trabalho e da pesquisa, verificamos alguns conceitos, e alguns comentários sobre os termos espaço publico, e praça, e destacaremos alguns que foram encontrados neste tópico do nosso trabalho.
O espaço público é considerado como aquele que seja de uso e posse de todos. Em uma definição bastante ampla, praça é qualquer espaço público urbano livre de edificações e que propicie convivência e/ou recreação para seus usuários.  (Comentários do site do Wikipédia)

Por definição, o espaço público é aquele que é de uso comum e posse coletiva (pertence ao poder público). Praça é um espaço de circulação. (Comentários do site do Movimento Conviva)

Neste contexto será definido como espaço público o de uso coletivo, para os usuários em geral, seja este administrado pelo Estado (administração pública propriamente dita), seja pela empresa privada. (Conceitos do livro Turismo, espaço, paisagem e cultura, p. 39).

O termo “público” denota dois fenômenos intimamente correlatos, mas não completamente idênticos.
Significa, em primeiro lugar, que tudo o que aparece em público pode ser visto e ouvido por todos e tem a maior divulgação possível.
Em segundo lugar, o termo público significa o próprio mundo, na medida em que é comum a todos e diferente do lugar que privadamente possuímos nele. (Conceitos do livro A condição humana, p.61,64).


O espaço público é compreendido, sobre tudo como espaço da ação política ou, ao menos da possibilidade da ação política na contemporaneidade. Ele também é analisado sob a perspectiva critica de sua incorporação como mercadoria (...) (Conceitos do livro O espaço público na cidade contemporânea, p.9).

Em nosso trabalho as analises e reflexões foram pautas nos comentários, e conceitos acima citados, além das bibliografias estudadas, para uma melhor compreensão do espaço público pesquisado.
A praça da baixa do Bonfim está localizada, na cidade baixa, no bairro do Bonfim, próximo a Sagrada Colina um lugar de antiga e muita tradição na cidade de Salvador, nesta área que se localiza a igreja do Nosso Senhor do Bonfim, um lugar de peregrinação dos féis e palco para uma das festas mais tradicionais da Bahia. O nome oficial do espaço público é Largo da Baixa do Bonfim.
É uma praça arborizada, mas que também possuem algumas construções, e com seu piso em concreto, mas não poderíamos caracterizar como uma praça seca, diríamos uma mescla dos dois estilos, esse espaço possui uma grande extensão de área.
Em relação aos mobiliários existentes no local, verificamos a presença de barracas, quiosques, bancos, banca de revistas, telefones públicos, luminárias, lixeiras. Ainda existência de um ponto de táxi, e de ônibus, e também um ponto carros clandestinos que atuam como táxi.
Equipamentos de lazer no local são poucos, apenas registramos um pequeno parque com equipamentos já sucateados, que não oferecem o mínimo de conforto e segurança para os seus usuários.  
     
 

Para execução da pesquisa e desse trabalho foram utilizados alguns métodos e descreveremos o que mais se adequaram ao nosso estudo.
A metodologia adotada constituiu-se de pesquisas bibliográficas, realização de visita em campo para coleta de dados (bem como para análise dos resultados), utilização de imagens e fotografias. Elaboração do questionário para pesquisa em campo, e também do croqui da área do espaço público foram os métodos desenvolvidos e aplicados.
O espaço público como local de todos e aonde acontecem os encontros e as relações, os conflitos também podem estar presentes nestes espaços. Este espaço está inteiramente relacionado a uma cultura de agregação e de compartilhamento. No Brasil essa idéia de praça tem o seu imaginário voltado para áreas verdes e de jardins sobre tudo ligado ao urbano.
Este espaço deve ser um local onde todos podem aproveitar as suas construções, equipamentos, se a proposta em sua essência foi ser espaço publico.
Se o mundo deve conter um espaço público, não pode ser construído apenas para uma geração e planejado somente para os que estão vivos, mas tem de transcender a duração da vida de homens mortais. (Arendt, 2010 p.67).  
Os dados obtidos nas entrevistas revelaram alguns conflitos existentes neste espaço público na Baixa do Bonfim, também a má utilização do espaço público e distribuição dos equipamentos no local. Alguns problemas podem ser vistos neste espaço público como falta de equipamentos de lazer, locais para alimentação (existem bares, mas faltam lanchonetes, e locais para refeições em geral), quanto à situação de segurança verificamos que existe no local, mas ainda acontecem pequenos furtos, e brigas entre moradores da praça (morador de rua), e usuários de drogas.

Muitas são as cobranças em relação a uma proposta para atração dos turistas, pois os mesmo não costumam frequentar à praça, os ônibus de turistas que eram estacionados neste local, agora param em sua maioria logo na parte de cima próximo a Sagrada Colina. Um período em que a praça é mais frequentada é no dia da festa da lavagem da Igreja do Senhor do Bonfim, e isso torna a vida dos comerciantes local em termos de crescimento financeiro muito dependente. Diante de alguns entrevistados surgiram sugestões para que as autoridades promovessem no local shows, espetáculos, o que poderiam atrair pessoas para o local. A melhoria dos equipamentos e uma melhor distribuição dos quiosques e boxes para conter outros serviços, e comércios, tais como pizzarias, lanchonetes, e pequenos restaurantes foram também algumas sugestões propostas pelos entrevistados. 

O planejador de cidades da atualidade e do futuro deve orientar-se novamente pelas necessidades psíquicas fundamentais do homem, tais como identidade, segurança e estimulo (...) criar um novo espaço livre (...) do qual a cidade necessita (...). (Barreto, 2002 p.52).  

A cidade não é apenas a sua parte física, mas existem os seus usos e pessoas que fazem parte dos elementos que compõem esse espaço urbano, dentre os que foram verificados na pesquisa temos estudantes, trabalhadores de hospitais próximos, moradores da praça (morador de rua), taxista, comerciantes (dos bares, banca de revista, de lembranças para turistas), turistas, moradores do bairro.

O espaço público contemporâneo equipara-se, assim, a um campo de interesses e de disputa, onde o conflito e a obrigatoriedade da negociação são iminentes. A dicotomia conflito x negociação está em um mundo plural em saberes, mediado e impactado pelas tecnologias da comunicação, onde surgem novos espaços participativos, novos mecanismos de controle e novas vozes. (Guedes, p.11)     

Através das entrevistas foi possível identificar alguns conflitos existentes no local, dentre eles destacamos os comerciantes do local, e o seu desconforto em relação aos moradores da praça (morador de rua), que segundo os comerciantes cometem alguns furtos, sujam a praça, e ainda são em sua maioria usuários de drogas, o que acaba por espantar os turistas, e pessoas que desejariam frequentar a praça. Alguns comerciantes culpam as autoridades administradoras políticas do estado e do município pela falta de organização na distribuição dos bosques para comércio, e a pouca segurança no local, e ainda a falta de manutenção dos mobiliários do local, identificamos assim um conflito ainda que em distanciamento entre comerciantes e autoridades políticos administrativas.
Este espaço público tem uma grande evidência na cidade baixa, mas a sua maior importância e visualização é apenas voltada para época da festa da lavagem da Igreja do Senhor do Bonfim, aparentemente nenhum investimento e atrativos são colocados no local para que os usuários, e comerciantes possam ser melhores servidos, são estas em sua maioria as reclamações notadas nas entrevistas.
Em relação aos boxes que existem na praça verificamos dois tipos, os que foram construídos no meio da praça, e os que aproveitaram a parte de baixo da ladeira que dá acesso a Sagrada Colina, notando uma refuncionalização desse espaço.

  Um bom espaço público, mas que precisa melhorias na sua estrutura para aproveitamento das pessoas que passam e daquelas que moram nas proximidades do local.
(...) dentro da lógica de produção e reprodução capitalista na escala mundial. Ou seja, ainda que seja público, pouco se beneficiam desse espaço teoricamente comum a todos. (Serpa, p.9).

Entendemos assim que o espaço público é espaço das ações políticas, e local de encontros, e relações, ainda que de maneira indireta existem  tais relações e conflitos, e que  são visíveis dentro da lógica de produção capitalista, e podem ser utilizados para agregar valor ao produto (praça) de lazer, e diversão.
Trabalho apresentado à disciplina de Geografia Urbana, semestre 2012.2, como avaliação do curso de graduação de licenciatura em Geografia, da Universidade Federal da Bahia - UFBA.
Discentes: Lázaro Nunes; Fábyo Praxedes.
 

Referências bibliográficas

Arendt, Hannah. A Condição Humana/tradução: Roberto Raposo. Ed. Forense Universitária, 11ªed.- Rio de Janeiro, 2010.
Barreto, Margarita. Artigo Espaço público: usos e abusos no livro; Turismo espaço, paisagem e cultura, organizadores Eduardo Yázigi; Ana Fani Alessandri Carlos; Rita de Cássia Ariza da Cruz, Ed. Hucitec. 3ªed. São Paulo, 2002.
Boaratti, André. Um estudo sobre conceito de espaço público em Hannah Arendt.
Disponível em <www.ucg.br>, acessado em 10/03/2013.

Guedes, Élida Neiva. Espaço público contemporâneo: pluralidade de vozes e interesses. Disponível em <www.bocc.ubi.pt>, acessado em 22/03/2013.

Serpa, Ângelo. O espaço público na cidade contemporânea. Ed. Contexto, São Paulo, 2007.

Artigo “O espaço público é de todos” de 03/11/2011. Disponível em <www.movimentoconviva.com.br>, acessado em 15/02/2013.

Comentário sobre espaço público < http://pt.wikipedia.org/wiki/Espaço_público>.

 

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