quinta-feira, 27 de junho de 2013

Tempo e História


A ideia de tempo é tão presente em nossas vidas que suas marcas são perceptíveis nos rostos de cada um de nós, basta nos olharmos no espelho. A sua relatividade é evidente, não só na obra de Salvador Dalí. Podemos até dizer que seja um dos temas preferidos dos artistas, talvez pela sua subjetividade. O tempo já foi dividido e subdividido, compreendido não só em minutos ou em segundos, mas de tantas outras formas que buscaremos refletir a seguir. Algo abstrato e inerente a vida humana, as noções de tempo fazem parte da compreensão dos comportamentos sociais. Muitas vezes compreendido por nós, de forma restrita, o tempo é associado a ideia cronológica e capitalista,  enfatizado pela noção de que "tempo é dinheiro".

O conceito de tempo é algo de extrema importância dentro da análise histórica. Existe, portanto, a necessidade de compreender a sua dimensão e sua importância para o estudo das sociedades humanas. Desenvolver a habilidade de dimensionar as diversas temporalidades possíveis é um passo importante na compreensão, a luz da história, dos problemas que afligem as sociedades humanas. Neste contexto, a ideia de tempo se materializa nas convenções e convicções dos seres viventes e expressa através das diversas atitudes no meio social ao qual pertencem.
Neste emaranhado de possibilidades, estabelece-se a relação das noções de tempo com o sujeito histórico e nossa busca se orienta também a compreender tal relação. "Perceber a complexidade das relações sociais presentes no cotidiano e na organização social mais ampla implica indagar qual o lugar que o indivíduo ocupa na trama da História e como são construídas as identidades pessoais e sociais, em dimensão temporal. O sujeito histórico, que se configura na inter-relação complexa, duradoura e contraditória entre as identidades sociais e as pessoais, é o verdadeiro construtor da História"(trecho retirado do artigo de Holien Gonçalves Bezerra, no livro 'História na Sala de Aula', organizado por Leandro Karnal ).
 
Neste contexto é importante discutir as questões de tempo para além da comum concepção cronológica, generalizada no nosso cotidiano, é necessário ir além e também perceber como as  noções de tempo se relacionam com o nascer e por do sol, os tempos da colheita - afinal quem nunca ouviu dizer que " existe tempo de plantar e existe tempo de colher" - o tempo do cozimento do arroz, o tempo de uma vida, o tempo de uma gestação. Podemos ainda pensar nas diversas construções sociais que se relacionam com noções temporais como trabalho, comércio, comunicação, coisas que tem sido cada vez mais relativizadas, principalmente pelas redes sociais,  assim como os meios de transporte.
O desenvolvimento dos transportes, do comércio e da comunicação parecem encurtar o mundo. Lembro-me muito da expressão "que mundo pequeno", algo que na verdade tem muito haver com a dinâmica cada vez mais acelerada, principalmente estes três pontos. No meio de tudo isto está o ser humano, comendo, dormindo, andando, trabalhando, sentindo, amando, indo, vindo, construíndo sua história e participando da atividade social inerente a atividade humana. Se nesse caso "os tempos são outros", acredito que "ninguém se banha duas vezes no mesmo rio", cada experiencia humana é única influenciada por um conjunto de ações e vivencias passadas, mas única no sua relação espacial e temporal.
 
Entender esta diversidade, passa também por compreender as diversas relações de poder existentes nas diversas atividades sociais. O dimensionamento das noções de tempo estão associadas diretamente a questão do poder em todas as suas vertentes. Relaciona-se com as questões religiosas, econômicas e politicas. Passam por este contexto os diferentes calendários. Sim, o nosso calendário não é o único existente! Temos aí uma gama de possibilidades que passam por calendários lunares e solares, orientados por concepções religiosas ou motivados por  questões ideológicas e marcos históricos, ou ainda uma mistura de tudo isto. Tudo isto envolvido com poderes dos mais variados líderes religiosos e políticos e somado a dinâmica da natureza. 
Por fim, é importante reforçar que cada tempo tem suas próprias concepções, ideias e convenções, que existem para além de uma ideia de linearidade, e compreender como esta relação esta montada é muito importante. O cuidado para não incidir no erro de ser anacrônico é algo central quando se analisa determinadas situações tendo a história como baliza. É de extrema importância desenvolver a habilidade de tecer relações entre as experiências do passado com as do presente, entendendo o passado não como algo distante, mas com fortes influências em nossas experiencias do presente. Assim como, é necessário entender que nosso presente determina o nosso futuro, sendo o tempo o elo deste emaranhado de relações sociais e entender tudo isto, nos ajuda a compreender o presente.
 


Persistência da Memória,  Salvador Dalí
Prof. Lucas Adriel S. de Almeida.
Redação d'O Historiante
Fonte :http://historiantebrasil.blogspot.com.br/2013/06/tempo-e-historia.html

sexta-feira, 21 de junho de 2013

As Primeiras Civilizações da América



As Primeiras Civilizações da América

            

  Chamamos povos pré-colombianos a todos os habitantes da América anteriores à chegada dos europeus no final do século XV.

              Até a sua quarta e última viagem, Colombo não tinha consciência de ter chegado a um novo continente. A comprovação de que se tratava de um novo continente foi feita pelo navegador florentino Américo Vespúcio, que, em 1497 ou 1499, chegou à América do Sul. Em sua homenagem, os geógrafos e cartógrafos, em um mapa – mundi publicado em 1507, utilizaram, pela primeira vez o nome América para representar o novo continente, ainda assim restrito à América do Sul.

              Os habitantes do Novo Mundo chegaram em épocas diferentes, talvez até de lugares diferentes. Seu modo de vida também era diferente. Existiram pelo menos três civilizações complexas, que foram a asteca, a inca e a maia.

1-    A Ocupação da América

Quando os Europeus aqui chegaram, as civilizaçõe asteca e inca já haviam organizado em impérios, que inclusive dominavam outros povos.

Os Europeus estabeleceram-se em regiões mais densamente povoadas, onde tinham garantias de alimentação e mão-de-obra para futuros empreendimentos. Os espanhóis menosprezavam o trabalho manual e, de acordo com seu modelo de mercantilismo, tinham um único objetivo: encontrar metais preciosos. Nessa empreitada, o trabalho duro seria feito pelos nativos.

2-    Os Maias (ocupavam a região Mesoamérica – que se estende do México até a fronteira norte da atual Colômbia).

Provavelmente foi a mais antiga das civilizações pré-colombianas, embora jamais tenha atingido o nível urbano e imperial dos astecas e incas. Jamais formaram um império, embora possuíssem uma cultura comum. Sempre se organizaram em cidades-estados com relativo desenvolvimento econômico.

Tinham como base econômica a agricultura, principalmente a do milho, praticada com a ajuda da irrigação. A tecnologia utilizada na agricultura era muito rudimentar e itinerante, contribuindo para a destruição da floresta tropical nas regiões onde habitavam. Devido à agricultura itinerante, as cidades maias não eram muito grandes, sendo formado por um centro cerimonial permanente, rodeado de aldeias.

2.1 – Religião

              Teve origem em cultos da fertilidade e da natureza, pois seus deuses mais antigos estavam relacionados com a chuva, o milho e o vento. A religião admitia sacrifícios humanos, embora fossem mais raros do que entre outros povos pré-colombianos.

2.2 – Cultura

              A escrita era hieroglífica. Outras realizações culturais estão relacionadas à cerâmica que era variada e de excepcional qualidade, com destaque para as estátuas de barro modeladas à mão. As arquiteturas de pirâmides e construções de sepulcros, consideradas altas expressões artísticas da humanidade; e aos conhecimentos de matemática, bastante usados no comércio.

2.3 – Declino

              No século X, os centros cerimônias foram abandonados. A explicação é que, com a destruição do meio ambiente pelos maias, a região tornou-se incapaz de fornecer alimentos para a população.

3-    Os Incas (habitavam os planaltos andinos, desde a Colômbia até as regiões do Chile e da Argentina atuais, tendo o atual Peru como sendo o centro político, econômico e demográfico).

Cronistas do século XVI não sabiam dizer se eram os astecas ou os incas que tinham mais poder. Para eles os astecas eram superiores em arquitetura e pompa na corte, enquanto os incas possuíam mais tesouros, riquezas e extensão de terras. Mas ambos se assemelhavam na grandeza militar e eram superiores em riquezas e organização a todos os demais povos pré-colombianos.

O Império inca foi a civilização mais desenvolvida que dominou a América do Sul. O seu expansionismo teve início nas diversas guerras travadas com os vizinhos. Essas guerras constantes levou a criação de militares interessados nas atividades bélicas, porque essas lhes traziam benefícios, tais como títulos, bens e mão-de-obra servil. Esses guerreiros estavam sempre pressionado por novas investidas militares. As guerras também visavam obter sacrifícios humanos para os deuses incas.

3.1 – Economia e sociedade

              Sua população viva em pequenas aldeias e ocupavam-se da agricultura e do pastoreio. Essas aldeias eram habitadas por famílias com laços de parentesco, formando uma comunidade chamada ayllu.

3.2 – Religião

              O Sol era inicialmente o deus da tribo inca, que depois impôs seu culto a todo o império conquistado. Os incas também cultuavam outros deuses, como Viracocha, o criador, que reinava sobre todos, era o pai da Lua e do Sol, e dirigia o destino dos homens.

3.3 Cultura

              Os incas não possuíam nenhum tipo de escrita, o que significa que sua tradição literária foi transmitida oralmente.

3.4 – Declínio

              O império Inca passava por constantes guerras civis que ocorriam por ocasião da morte do imperador. Os irmãos Huáscar e Atahualpa estavam lutando pelo poder, o que enfraquecia o império. Com isto juntou a busca do Eldorado, pelos europeus. A resistência durou mais de 40 anos. Só em 1572, com a morte do último imperador, Tupac Amaru, o Império terminou.

              Pouco mais de duas centenas de espanhóis deram início à conquista de um vasto império com milhões de habitantes. Isso foi possível graças a diversos fatores: superioridade de armamentos – armas de fogo e ferro contra lanças, arcos e flechas; modo de guerrear – os incas não lutavam à noite, devido a tabus religiosos, enquanto os espanhóis lutavam a qualquer momento; superioridade de informação – os europeus conheciam todos os problemas políticos dos incas, enquanto estes nada sabiam sobre os opositores; rivalidades – entre os herdeiros ao trono; concepções religiosas – enquanto os incas permitiram o avanço dos espanhóis, pensando tratar-se de deuses.

4-    Os Astecas (Golfo do México ao Pacífico e chegava até o sul da atual Guatemala).

Últimos a chegar ao refinado mundo do planalto mexicano, sedentarizaram-se e mesclaram-se como os toltecas, a última grande civilização lá existentes antes da chegada do povo asteca.

4.1 – Economia

              Na época da conquista espanhola, a agricultura era a principal atividade econômica asteca, embora boa parte dos recursos alimentares ainda proviesse da caça, da pesca e da coleta. A terra era a única riqueza e pertencia à coletividade. O comércio também era bastante desenvolvido. Os grandes comerciantes detinham o monopólio do comércio exterior de artigos raros luxuosos, feito fora das fronteiras do império que atingia várias regiões da América do Norte e da América Central.

4.2 – Sociedade

              O lugar mais baixo era ocupado pelos tlatlacotin , espécie de escravos – não livres que trabalhavam nas grandes propriedades dadas em usufruto aos templos.Sua origem era a mais diversas: homens e mulheres arruinados pelo vício; prisioneiros de guerra; condenados pela justiça; desertores do exército; etc. Podiam desposar mulheres livres (e seus filhos tornavam-se livres), possuir terras e mesmo outros escravos.

4.3. – Religião

              Eram os mais religiosos de todos os habitantes nativos do México, mas seu poder político não era teocrático – O imperador não era deus nem supremo sacerdote.

4.4 – Cultura

              Foi uma síntese das culturas mais antiga do México, mas superou-as, desenvolvendo conhecimentos e técnicas mais elevados. A escrita era uma mistura de ideografia com escrita fonética, pois alguns sinais denotavam idéias e outros designavam sons. A escrita ideográfica era semelhante aos hieroglíficos egípcios. As obras literárias tratavam de assuntos religiosos, interpretação de sonhos, rituais, migração das tribos, fundação das cidades e da origem mitológica das dinastias. A literatura era inseparável da música e da dança.

4.5 – Declínio

              Os espanhóis, que habitavam a Ilha de Cuba, tomaram conhecimento da riqueza das civilizações do continente e prepararam-se para conquista-las. Em 13 de agosto de 151, os espanhóis tomaram a cidade, destruíram um grande império. Isso foi possível, em parte, pela superioridade em armamentos dos europeus.

 

 

Fonte:

 

www.historiageral.hpgvip.com.br/index.html