terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Música popular no Brasil do século XVIII


O lundu também é resultado dessa mistura entre Europa e África no Brasil do século XVIII. Ele era tocado na Bahia, no Rio de Janeiro e em Pernambuco e estava ligado às práticas religiosas dos escravos.

Na medida em que se distanciava desse contexto religioso e se misturava com outros gêneros musicais, o lundu começou a ser apreciado pela crescente população urbana da colônia.

A modinha surgiu nessa mesma época. De origem incerta, ela fez muito sucesso no Brasil e em Portugal. O principal representante da modinha no século XVIII foi o poeta e compositor Domingos Caldas Barbosa.

Filho de uma angolana com um português, Domingos era mulato. Graças a seu talento, conseguiu reconhecimento social no Rio de Janeiro e em Portugal. Tornou-se popular na corte portuguesa durante o reinado de D. Maria I, tocando nos salões lundus, cantigas e modinhas.


Domingos Caldas Barbosa, em litografia que ilustra a primeira edição do livro Viola de Lereno, de 1798.
No Brasil dessa época, uma das formas encontradas pelos negros para derrubar as barreiras criadas pela escravidão e pelo preconceito era revelando suas habilidades na música, na dança e nas artes em geral.

Lundu, gravura de Johann Moritz Rugendas publicada no livro Viagem pitoresca ao interior do Brasil, de 1835. Biblioteca Municipal Mário de Andrade, São Paulo.
 
 


segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Origem do Natal II

O Natal tem História...


Durante os três primeiros séculos da nossa Era os cristãos não celebravam o Natal. Na Bíblia, não há referências sobre o dia do nascimento de Jesus Cristo, nem recomendações para esse dia fosse celebrado, como seriam seus aniversários de morte e ressurreição.
Portanto, ao contrário do que muitos acreditam, a origem do Natal não está no nascimento de Jesus. A festa natalina tem origem pagã, associada às comemorações denominadas Saturnália e Brumália.
A Saturnália, festa em homenagem ao deus romano Saturno, ia de 17 a 24 de dezembro. Era uma comemoração alegre, com muita dança, em que ricos e pobres conviviam igualmente, com os senhores servindo os servos, numa inversão de papéis.
No dia 25 de dezembro, imediatamente após a Saturnália, comemorava-se a Brumália, o nascimento do deus-sol, ou "o nascimento do Sol Invicto". A data, para eles, no Hemisfério Norte, coincidia com o solstício de inverno, dia "mais curto do ano", com menos horas de luz. A partir do solstício de inverno, as noites começam a diminuir, e os dias a aumentar.
Em tempos remotos, os persas também tinham seus deuses inspirados no sol, e comemorações nos dias 24 e 25 de dezembro.
No dia que corresponde ao nosso 24 de dezembro, os persas queimavam o seu deus Agni, construído a partir de um tronco de árvore, e colocavam outro, novo, em seu lugar.
Com o novo deus, os dias começavam a aumentar porque, segundo supunham, o seu deus jovem estava cheio de vigor para produzir dias maiores. Adoravam-no então com diversas solenidades aparatosas e sacrifícios humanos.
No dia seguinte celebravam um estranho ritual: no templo onde ficava o deus Agni, havia uma fresta na cortina do lado oriental, por onde penetrava o sol ao amanhecer. Os raios iam incidiam na parte posterior da cabeça do sacerdote, que era dotado de uma careca espelhada. Ao refletirem-se nela projetavam-se num espelho em forma de sol, e daí incidiam no deus feito de madeira.
Já a festa germânica pagã do solstício do inverno, a Yule, tinha como costumes principais os grandes banquetes, a folia, a troca de presentes, os enfeites e as árvores.
E como da comemoração da Saturnália e da Brumália chegamos ao Natal cristão?
Veja o que conta a "Nova enciclopédia de conhecimento religioso de Schaff-Herzog" (The New Schaff-Herzog Encyclopedia of Religious Knowledge):
"As festividades pagãs de Saturnália e Brumália estavam demasiadamente arraigadas nos costumes populares para serem suprimidas pela influência cristã. Essas festas agradavam tanto que os cristãos viram com simpatia uma desculpa para continuar celebrando-as sem maiores mudanças no espírito e na forma de sua observância. Pregadores cristãos do ocidente e do oriente próximo protestaram contra a frivolidade indecorosa com que se celebrava o nascimento de Cristo, enquanto os cristãos da Mesopotâmia acusavam seus irmãos ocidentais de idolatria e de culto ao sol por aceitar como cristã essa festividade pagã.
Recordemos que o mundo romano havia sido pagão. Antes do século IV os cristãos eram poucos, embora estivessem aumentando em número, e eram perseguidos pelo governo e pelos pagãos. Porém, com a vinda do imperador Constantino (no século IV), que se declarou cristão, elevando o cristianismo a um nível de igualdade com o paganismo, o mundo romano começou a aceitar este cristianismo popularizado e os novos adeptos somaram a centenas de milhares.
Tenhamos em conta que esta gente havia sido educada nos costumes pagãos, sendo o principal aquela festa idólatra de 25 de dezembro. Era uma festa de alegria [carnal] muito especial. Agradava ao povo! Não queriam suprimi-la."


Fonte :http://www.educacaopublica.rj.gov.br/cultura/folclore/0015_01.html