segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

O primeiro crime homofóbico no Brasil

O texto a seguir foi extraído do livro “História do Crime no Brasil”.  A obra, organizada pelos historiadores Mary del Priore e Gian Carlo, contará com a participação de diferentes autores. Confira, em primeira mão, um trecho do artigo de Luiz Mott.

Março de 1612: três navios franceses zarpam da Bretagne em direção ao Maranhão,  contando com o patrocínio da rainha regente Maria de Medicis, tendo a missão de fundar uma nova colônia no Brasil, a France Équinoxiale.   Sob o comando de Daniel de La Touche, Senhor de la Ravardière a expedição constava de aproximadamente 500 colonos  e quatro missionários da Ordem dos Capuchinhos. Após cinco meses de tumultuada navegação, desembarcam no Maranhão, celebrando-se a primeira missa na nova colônia aos 8 de setembro de 1612. Dão logo início à construção de um forte e  fundação da cidade de São Luís, em homenagem ao rei menino, Luís XIII. Poucos meses após sua chegada, promovem a execução de um índio homossexual, o primeiro crime homofóbico documentado no Brasil.
No Brasil, particularmente entre os Tupinambá, a etnia mais numerosa que ocupava o litoral do Maranhão a Santa Catarina,  na  visão dos missionários e cronistas portugueses e franceses, os índios apresentavam sexualidade tão devassa que só podiam mesmo ser escravos do Diabo: nus, polígamos, incestuosos, sodomitas. Diz Gabriel Soares de Souza em 1587: “São os Tupi­nambá tão luxuriosos que não há pecado de luxúria que não cometam. Não contentes em andarem tão encarniçados na luxúria naturalmente cometida, são muito afeiçoadas ao pecado nefando, entre os quais se não tem por afronta. E o que se serve de macho se tem por valente e contam esta bestialidade por proeza. E nas suas aldeias pelo sertão há alguns que têm tenda pública a quantos os querem como mulheres públicas.” Já em  1557 o missionário protestante Jean de Lery refere-se à presença entre os Tupinambá de índios tibira, praticantes do pecado nefando de sodomia e em  1575 o franciscano André Thevet rotula-os de berdaches, termo de origem persa usado em todo mediterrâneo para descrever aos homopraticantes e transexuais. Tibira foi o termo genérico tupinambá alusivo à persona homoerótica que teve maior difusão entre os moradores  do Brasil nos dois primeiros séculos de colonização, referido igualmente em alguns documentos da Inquisição, particularmente no Maranhão e Paraíba.

Foi portanto com vistas a  “purificar a terra de suas maldades” que os frades determinaram a procura e captura dos tibiras maranhenses, conseguindo  prender um infeliz que fugira para o mato. Certamente era um dos tais índios notórios “que têm tenda pública a quantos os querem como mulheres públicas”. Justificava-se essa extrema   intolerância homofóbica por parte dos capuchinhos devido ao receio de provocar a ira divina e os consequentes castigos contra a nova missão, daí a metáfora da purificação da terra extirpando o mau pecado pela raiz. A reivindicação do tibira cobrando que seus cúmplices também fossem executados revela surpreendente sentido de justiça igualitária, talvez  o réu estivesse sugerindo que entre os principais chefes que o condenavam à pena de morte, havia alguns que frequentavam seus serviços homoeróticos.
O desfecho desta execução revela o farisaico cuidado dos religiosos em mascarar suas responsabilidades sobre essa morte, a qual,  malgrado sua simulada conformidade com os tradicionais procedimentos judiciais, tinha as cartas previamente marcadas para seu sangrento desfecho:  “Terminado o processo e proferida a setença, cuidou-se em sua alma dizendo-se-lhe, que se ele recebesse o batismo, apesar de sua má vida passada, iria direto para o Céu apenas sua alma se desprendesse do corpo. Acreditou nessas palavras, e pediu o batismo.
Frei Yves D’Évreux fornece-nos pitoresco detalhe sobre a importância do tabaco (petum em lingua tupinambá)  entre os nativos:  “Este infeliz condenado recebeu as consolações de muito boa vontade, e antes de caminhar para o suplício disse aos que o acompanhavam: ‘Vou morrer, não mais os verei, não tenho mais medo de Jurupari pois sou filho de Deus, não tenho que prover-me de fogo, de farinhas, de agua e nem de ferramenta alguma para viajar além das montanhas, onde cuidais que estão dançando vossos pais. Dai-me porém um pouco petum para que eu morra alegremente, com a palavra firme e sem o medo que me estufa o estômago”. Deram-lhe o que ele pediu, à semelhança dos que vão ser justiçados, aos quais também se dá pão e vinho, costume não deste tempo e sim desde a mais remota antiguidade,  pois então se oferecia aos criminosos vinho com mirra e ópio para provocar o sono dos pacientes. Feito isto, levaram-no para junto da peça montada na muralha do forte de São Luís, junto ao mar, amarraram-no pela cintura à boca da peça, e o Cardo Vermelho lançou fogo à escova, em presença de todos os principais, dos selvagens e dos franceses, e imediatamente a bala dividiu o corpo em duas porções, caindo uma ao pé da muralha, e outra no mar, onde nunca mais foi encontrada.”
Não temos notícia no Brasil de outros criminosos que tivessem sido executados na boca de uma canhão, nem de outro réu que tivesse solicitado pitar como seu último desejo,  misericordiosamente atendido pelos algozes. – Luiz Mott
001
“Índios em suas cabanas”, de Johann Moritz Rugendas. 
 
 

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Costumes chineses

Costumes chineses

“Escorpiões e bichos-da-seda não fazem mesmo parte do cardápio diário dos chineses. Para muitos, eles parecem tão esquisitos quanto para nós [...]. Mas o exotismo é parte integrante da gastronomia local e quem criou o ditado segundo o qual eles comem de tudo foram os próprios chineses.
A base da dieta é constituída de arroz, legumes, massas e carne de porco, mas coisas como ninhos de pássaros e barbatanas de tubarão são consideradas iguarias e é possível encontrá-las em vários restaurantes e farmácias de medicina tradicional chinesa. [...]. Cérebro de macaco [...] ainda é servido em algumas regiões da China.
Cachorros são consumidos no sul [...] e estima-se que 10 milhões são mortos a cada ano só para atender à demanda chinesa. Eu vi um cachorro inteiro sendo assado em um espeto na cidade de Lijiang, na província de Yunnan, no sudoeste chinês. [...]”



Espetinhos de escorpiões e cavalos-marinhos vendidos em lanchonete de Pequim, China. Foto de 2008.
Rex Features/Grupo Keystone.



Fonte:
TREVISAN, Cláudia. Comer, beber, viver 2, 4 jun. 2008. Disponível em www.estadao.com.br/blogs. Acesso em 29 jun. 2011.


 

domingo, 4 de outubro de 2015

QUAL A MAIOR INVENÇÃO ?

"Dizem que a primeira e maior invenção foi o fogo. Seria? E a fala? Não é mais importante? Outros querem que a primeira invenção
seja a roda. Até pode ser. Mas aqui, nas Américas, os incas e astecas não usavam roda e se davam muito bem.
Para mim, invenção importante mesmo foi o alfabeto. Antes, alguns povos escreviam com ideogramas, que não representam os sons da fala, mas, sim, as ideias. Era um bom sistema, porque permitia aos chineses, aos coreanos, aos japoneses lerem, cada qual na sua língua, as mesmas escrituras. Era ruim, porque se precisava decorar mil a dois mil ideogramas para ler ou escrever. A escrita alfabética, mais recente, é melhor. Seu defeito é ficar presa à língua. Sua vantagem é a facilidade com que se alfabetiza."



RIBEIRO, Darcy. Noções de coisas. São Paulo: FTD, 1995. p. 63.


sábado, 12 de setembro de 2015

Os ratos versus o gato

Os ratos versus o gato

“Uma vez os ratos, que viviam com medo de um gato, resolveram fazer uma reunião para encontrar um jeito de acabar com aquele eterno transtorno. Muitos planos foram discutidos e abandonados. No fim um rato levantou-se e deu a ideia de pendurar uma sineta no pescoço do gato; assim, sempre que o gato chegasse perto eles ouviriam a sineta e poderiam sair correndo. Todo mundo bateu palmas: o problema estava resolvido. Vendo aquilo, um rato velho, que tinha ficado o tempo todo calado, levantou-se de seu canto. O rato falou que o plano era muito inteligente, que com toda a certeza as preocupações deles tinham chegado ao fim. Só faltava uma coisa: quem ia pendurar a sineta no pescoço do gato?”
ASH, Russel; HIGTON, Bernard (Org.). Fábulas de Esopo. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1994. p. 18.


quinta-feira, 10 de setembro de 2015

O destino de Édipo

O destino de Édipo

“Laio [...] era rei de Tebas e vivia com Jocasta, filha do nobre tebano Meneceu. Por muitos anos não tiveram filhos. Como ele desejasse ardentemente um herdeiro, consultou o oráculo de Apolo, em Delfos, e recebeu a seguinte resposta: ‘Laio, você haverá de ter um filho, mas saiba que está destinado a morrer pelas mãos de seu próprio filho.' [...]
Laio acreditou no oráculo e por muitos anos viveu separado de sua esposa. Mas o amor que tinham um pelo outro fez com que voltassem a unir-se, apesar da advertência do oráculo, e por fim Jocasta deu um filho a seu marido. Quando a criança nasceu, os pais lembraram-se do oráculo e, para evitar que este se realizasse, mandaram perfurar os pés da criança quando esta tinha três dias e abandoná-la, com os pés amarrados, no Monte Citéron.
Mas o pastor encarregado desse crime terrível ficou com pena da criança inocente e entregou-a a outro pastor, que pastoreava os rebanhos do rei de Pólibo, de Corinto. Voltou então para casa e declarou ao rei e à sua esposa Jocasta que cumprira a missão. Os dois pensaram que a criança tivesse morrido de fome ou que fora destroçada por animais selvagens, impossibilitando assim a realização do oráculo. E tranquilizavam a própria consciência alegando terem protegido a criança, evitando assim que ela assassinasse o próprio pai.
Enquanto isso o pastor de Pólibo desamarrou os pés perfurados do menino e chamou-o de Édipo, que significa ‘o de pés inchados', por causa de suas feridas. E levou o menino para Corinto, para junto de seu senhor.”
SCHWAB, Gustav. As mais belas histórias da Antiguidade clássica: os mitos da Grécia
e de Roma. 5. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994. v. 1. p. 270-2

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Hino Nacional Brasileiro - letra



Ouviram do Ipiranga as margens plácidas 
De um povo heróico o brado retumbante, 
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, 
Brilhou no céu da pátria nesse instante. 

Se o penhor dessa igualdade 
Conseguimos conquistar com braço forte, 
Em teu seio, ó liberdade, 
Desafia o nosso peito a própria morte! 

Ó pátria amada, 
Idolatrada, 
Salve! Salve! 

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido 
De amor e de esperança à terra desce, 
Se em teu formoso céu, risonho e límpido, 
A imagem do cruzeiro resplandece. 

Gigante pela própria natureza, 
És belo, és forte, impávido colosso, 
E o teu futuro espelha essa grandeza. 

Terra adorada, 
Entre outras mil, 
És tu, Brasil, 
Ó pátria amada! 
Dos filhos deste solo és mãe gentil, 
Pátria amada,
 Brasil!

 II 
Deitado eternamente em berço esplêndido,
 Ao som do mar e à luz do céu profundo, 
Fulguras, ó Brasil, florão da América, 
Iluminado ao sol do novo mundo! 

Do que a terra mais garrida 
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;
 "Nossos bosques têm mais vida", 
"Nossa vida" no teu seio "mais amores". 

Ó pátria amada, 
Idolatrada, 
Salve! Salve!

 Brasil, de amor eterno seja símbolo 
O lábaro que ostentas estrelado, 
E diga o verde-louro dessa flâmula - 
Paz no futuro e glória no passado. 

Mas, se ergues da justiça a clava forte, 
Verás que um filho teu não foge à luta, 
Nem teme, quem te adora, a própria morte. 

Terra adorada
 Entre outras mil,
 És tu, Brasil, 
Ó pátria amada!

Dos filhos deste solo és mãe gentil, 
Pátria amada, 
Brasil! 

Fontes:
Imagem : google.com.br
Hino: http://www2.planalto.gov.br/acervo/simbolos-nacionais/hinos/hino-nacional-brasileiro-1

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

ABAPORU


Abaporu é um vocábulo substantivo masculino formado pela junção de três palavras da língua tupi-guarani: aba, que significa homem, pora, que significa gente e ú, que significa comer. Assim sendo, o significado de Abaporu é “homem que come gente”, um sinônimo de antropófago.

A obra Abaporu é uma pintura a óleo sobre tela da artista brasileira Tarsila do Amaral pintada em 1928. Casada na época com o escritor Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral pintou o quadro Abaporu para presentear o marido em seu aniversário.

O nome Abaporu foi criado por Oswald de Andrade e pelo também escritor Raul Bopp.

O movimento cultural conhecido como Antropofagia tem como símbolo o quadro Abaporu, que faz referência à influência da cultura estrangeira na arte brasileira.

Com o Movimento Antropofágico, os artistas brasileiros do início do século XX se propunham a criar uma arte tipicamente brasileira, que pudesse verdadeiramente representar a cultura do país; a cultura estrangeira é absorvida e abrasileirada, passando a traduzir a essência cultural do Brasil.

As obras de Tarsila do Amaral são dedicadas ao Brasil e à brasilidade; o Abaporu é, dentre as pinturas de Tarsila do Amaral, a mais famosa.

A tela Abaporu, cujas dimensões são 85 cm de altura por 73 cm de largura, hoje se encontra no Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires, o MALBA. É o quadro brasileiro mais valorizado no mercado de arte interacional; foi vendido por US$ 1,5 milhão para o colecionador Eduardo Constantini em 1995.

Alguns críticos de arte sugerem que o Abaporu de Tarsila do Amaral foi uma releitura de O Pensador, de Rodin, estando então, inserida no contexto do Movimento Antropofágico.

O Abaporu mostra um ser solitário, de pés muito grandes e cabeça muito pequena. A posição em que a figura se encontra guarda semelhança com a postura de O Pensador. O Abaporu representa o brasileiro, cujo trabalho braçal recebe mais importância do que o trabalho intelectual, por isso o corpo gigantesco e a cabeça diminuta. O homem brasileiro é assim retratado como ligado à terra, com seus pés plantados no chão; o nativo selvagem que usa suas habilidades e sua força para extrair da terra sua subsistência.

As cores da pintura sugerem uma referência à bandeira do Brasil.




FONTE :https://www.significadosbr.com.br/abaporu

domingo, 12 de julho de 2015

ÁGUA





“Cerca de 71% da superfície da Terra encontra-se coberta de água e, deste total, 97% são águas oceânicas”. "3% geleiras, rios, lagos , fontes subterrâneas, na atmosfera, misturado ao solo, etc". 









Ciclo da água.




Dia a Dia






















 

sábado, 4 de julho de 2015

INDEPENDENCE OF THE UNITED STATES


INDEPENDENCE OF THE UNITED STATES
"We hold these truths self-evident, that all men are created , endowed by their Creator with certain unalienable Rights, that among these are life, liberty and the pursuit of happiness."





In the name of equality


With its history linked to the defense of freedom and equal rights of men, the United States conquered the land of fame opportunities and, even today, are a major immigrant destination countries worldwide.
Characteristics of political education in the United States, which has become an economic and military power, with great influence .




The English colonial policy


The thirteen English colonies in North America had a lot of autonomy from their metropolis, unlike the Spanish and Portuguese colonies. He began to change in the second half of the eighteenth century.
Production system, passing to demand more raw materials for industries and the expansion of the market for their products.
Another factor that contributed to the change of the English colonial policy was the unfolding of the Seven Years War (1756-1763) in the Americas. AInglaterra had to bear the high costs of war.





The Crown enacts new laws




To recover the financial losses caused by the Seven Years War and increase control over its colonies, the English Crown created several taxes that generated great dissatisfaction among the colonists.

In 1764 it was enacted the Law of sugar, also known as Revenue Act. In 1733, the English Crown had tried, with the Molasses Act.
In the year 1765, it was issued the Law Seal.
In 1767, the Townshend Act.
Tensions between the colonists and the British government increased with the Tea Act, May 1773.

Colonial reactions against the Tea Act were intense. The best known manifestation, the Boston Tea Party took place on the night of December 16, 1773.
In response, the British government took drastic measures, which became known as the Intolerable Acts.
Reactions against the metropolitan government were located. The autonomy of the thirteen colonies and the economic and social differences between them generated different attitudes towards the idea of independence.


quinta-feira, 2 de julho de 2015

ALGUNS PERSONAGENS DO DOIS DE JULHO


PERSONAGENS DO DOIS DE JULHO





Joana Angélica



Joana Angélica de Jesus nasceu em Salvador, em 12 de dezembro de 1761. Aos 20 anos, entrou como franciscana para o Convento da Lapa. Na época das lutas pela independência, ocupava pela segunda vez a direção do convento. No dia 19 de fevereiro de 1822, os portugueses atacaram o forte de São Pedro e os quartéis da Palma e da Mouraria, vizinho ao convento.

Na investida ao quartel, soldados tentam invadir o recolhimento das freiras acreditando que havia soldados brasileiros e armas escondidos no local. Sóror Joana Angélica posta-se à porta diante dos soldados para impedir a invasão. A frase “Recuai ou penetrareis nesta casa passando por sobre o meu cadáver” ficou famosa e determinou o destino da irmã.

A abadessa foi atacada a baioneta e morreu no dia seguinte, 20 de fevereiro de 1822. Por causa do ato heroico, a avenida ao lado do Convento da Lapa foi batizada com o seu nome.





Cochrane

Thomas Alexander Cochrane, conhecido como Lord Cochrane, foi convidado por D. Pedro e José Bonifácio para lutar a frente dos navios brasileiros durante os conflitos de independência do Brasil na Bahia, em finais de 1822. O inglês desembarca no Rio de Janeiro em 13 de março de 1823, aos 48 anos de idade, e em março é nomeado Primeiro Almirante da Marinha Imperial. A partida para a Bahia acontece em 1 de abril. No dia 4 de maio de 1823, a esquadra brasileira enfrenta 13 navios lusitanos, perde a primeira batalha e é obrigada a fugir. Os problemas iam da precariedade dos navios à falta de habilidade da tripulação. Os navios comandados por Cochrane eram tripulados por portugueses, escravos, ingleses, norte-americanos e pessoas apanhadas nas ruas do Rio de Janeiro. Sua atuação na Bahia foi pequena por causa disso. Por sua atuação durante a guerra de independência, o almirante recebeu o título de Marquês do Maranhão e condecorado com a medalha Grã Cruz da Ordem do Cruzeiro do Sul.




Labatut


O francês Pedro Labatut foi contratado por D. Pedro I para liderar e organizar o Exército Pacificador e por fim aos conflitos entre brasileiros e portugueses nas lutas pela independência na província da Bahia. Comandante de vários exércitos da América Latina nas guerras pela independência da Espanha, Labatut veio para organizar grupos armados dispersos, sob comando de civis, e transformá-los num exército forte, disciplinado e leal ao imperador.

Foi Labatut quem entregou o ultimato ao brigadeiro Madeira de Melo, militar português nomeado pelo reino, para deixar a província da Bahia. O general ganhou glória na vitória imposta aos portugueses na famosa Batalha de Pirajá. Foi nessa batalha, em 8 de novembro de 1822, que o corneteiro Luis Lopes, após receber a ordem de tocar retirada, deu o sinal de avançar, que terminou na vitória dos brasileiros.

Mas o general entrou em conflito com os senhores de engenho da Bahia ao determinar a libertação de alguns escravos para integrar o Exército Libertador. Foi afastado, deposto e preso, acusado de cometer violências contra senhores de engenho. Labatut morreu na Bahia em 24 de setembro de 1849, como marechal de Campo do Exército Brasileiro. Apesar da prisão, recebeu a medalha de guerra da Independência na Bahia.

Maria Felipa

Maria Felipa de Oliveira foi figura importante na defesa da Ilha de Itaparica dos portugueses. Descrita como uma negra alta e audaz, liderou e organizou a resistência da população insular. A heroína negra da Independência, como é conhecida, foi responsável por organizar o envio de mantimentos para o Recôncavo e pela comando dos grupos que faziam a vigilância das praias para evitar as invasões portuguesas.

Nas batalhas, ajudou a incendiar embarcações como a canhoneira Dez de Fevereiro, em outubro de 1822, na praia de Manguinhos, a barca Constituição, também em outubro daquele ano, na Praia do Convento. Em janeiro de 1823, liderou mulheres na defesa da praia, em Itaparica, armada com peixeiras e galhos de cansanção (uma planta abrasiva comum na região) enfrentou os portugueses.

Com a independência, Maria Felipa continuou a desafiar o status quo. Na cerimônia de hasteamento da bandeira nacional na Fortaleza de São Lourenço em Ponta das Baleias, Felipa invade a Armação de Pesca de Araújo Mendes, português abastado, e surram o vigia Guimarães das Uvas.




Maria Quitéria

Maria Quitéria pediu ao pai, Gonçalo Alves de Almeida, permissão para ingressar no Regimento de Artilharia em Cachoeira, mas sua pretensão foi negada. Com a ajuda da irmã, veste as roupas do cunhado José Cordeiro de Medeiros, e se apresenta aos Voluntários do Príncipe D. Pedro, conhecido como "Batalhão dos Periquitos", por causa da gola verde do uniforme.

O Major José Antônio da Silva Castro, avô do poeta Castro Alves, comandante do batalhão, aceita a voluntária e Quitéria é incorporada à tropa.

O soldado Medeiros, como foi ao se alistar, travou batalhar em Ilha de Maré, Barra do Paraguaçu e na cidade do Salvador nos caminhos da Pituba, Itapuã e Conceição. Por sua coragem, recebeu do general Labatut o posto de primeiro cadete e decreto Imperial promoveu Maria Quitéria a alferes de linha. Em 1996, foi reconhecida como Patronesse do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro.




Caboclos


Dois heróis anônimos fazem parte do panteão do 2 de Julho. O Caboclo aparece em 1824, quando a população, para comemorar a vitória, enfeita uma carreta tomada do inimigo em Pirajá e desfila com um índio da Lapinha ao Terreiro de Jesus.

A imagem atual foi esculpida em 1826 e desfila até os dias de hoje. A Cabocla só surge no desfile em 1846. As elites tentaram trocar o índio agressivo pela índia meiga, inspirada em Catarina Paraguaçu.

A resistência popular não permitiu e as duas imagens participam do cortejo. O Caboclo vestido como guerreiro, matando a serpente com sua lança, e a Cabocla Catarina acolhendo o português Diogo Álvares Correia, o Caramuru.

O 2 de Julho sempre foi tenso em Salvador. As comemorações, durante o Império, incluíam o que os soteropolitanos chamavam de "mata-marotos", ou saques às casas dos portugueses.

Na República, as elites baianas chegaram a retirar os caboclos do desfile, mas sempre que isso acontecia a população não participava da festa, que se esvaziava, organizando o desfile em outras datas.

Nas comemorações do centenário, em 1923, os caboclos não desfilaram. Para que a festa não se esvaziasse, colocaram no cortejo a imagem do Senhor do Bonfim.

Apesar da pressão, a tradição popular resistiu ao longo dos anos e os caboclos continuam a desfilar no 2 de Julho. "Chorar no pé do Caboclo” tornou-se jargão do baianês para representar uma reclamação ou queixa.








Fonte : http://www.atarde.uol.com.br/2dejulho/index.html#personagens