As sociedades industriais modernas não podem sobreviver sem o uso intensivo de energia. A energia, não importando sua fonte de origem – petróleo, gás, água, biomassa, luz solar, urânio ou vento – é imprescindível para o desenvolvimento de um país. Não é por outra razão que cientistas elaboraram parâmetros de avaliação do desenvolvimento material e cultural de uma sociedade, baseados no uso das energias disponíveis no meio ambiente onde floresce esta comunidade. O principal aspecto nesta avaliação não é a fonte de energia utilizada, mas a tecnologia aplicada para o uso desta energia; já que é esta que vai espelhar o grau de desenvolvimento tecnológico – significando conhecimento científico e técnico – da sociedade em questão.
Ao longo dos últimos 230 anos aproximadamente, o uso das fontes energéticas tem se desenvolvido rapidamente. Se até quase o final do século XVIII as máquinas para aproveitamento da energia cinética (movimento e força) e calorífera (calor) eram bastante primitivas e ineficientes, o grande salto foi dado quando técnicos-artesãos, principalmente da Inglaterra, desenvolveram máquinas capazes de utilizar a energia cinética gerada pelo vapor d´água, queimando carvão mineral. Durante todo o século XIX e XX, só aumentaram e se diversificaram as tecnologias capazes de aproveitar a energia das diversas fontes; do carvão vegetal e mineral aos derivados de petróleo; do aproveitamento da água, da luz do sol e do vento, até o urânio para geração de eletricidade.
Jacques Attali, doutor em economia e assessor do governo da França, é famoso por seus livros discorrendo sobre o futuro da sociedade mundial. Em seu livro Uma breve história do futuro (Novo Século Editora, 2008) faz uma série de previsões sobre como o mundo evoluirá social, econômica e politicamente ao longo do século XXI. No que se refere ao tema da energia, Attali escreve entre outras coisas: “A energia solar, bem como a energia eólica,só serão fontes inesgotáveis quando se tornarem estocáveis. Será difícil desenvolver a biomassa em grande escala, exceto para alimentar carros particulares, o que é muito importante. As outras fontes de energia naturais (geotermia, ondas, maré) parecem incapazes de responder a uma demanda significativa. Enfim, a fusão termonuclear, que poderia, sozinha, representar uma fonte quase ilimitada, com certeza não será praticável antes do fim do século XXI, pelo menos. No total, a energia será cada vez mais custosa, o que incitará a economizar, substituindo os movimentos físicos pelas trocas imateriais.” (Attali, 2008).